Pilota da Alpine desafia decisão de equipe após 'fura-fila' na F1: 'Por ser mulher?'

Sophia Floresch reacende discussão sobre igualdade de gênero no automobilismo após escolha de jovem prodígio.

Sophia Floresch é pilota da academia da Alpine — Foto: Reprodução

A chegada do prodígio Franco Colapinto à Alpine pôs fim às especulações em torno do futuro do piloto argentino após sua estreia na Williams. Seu desempenho despertou o interesse da equipe francesa, mas, nas últimas horas, viralizou uma publicação de uma pilota alemã da academia Alpine na qual ela questionava a contratação do sul-americano — quando o acerto ainda nem era uma realidade — e reclamava da falta de oportunidades para as mulheres na Fórmula 1.

Ela é Sophia Floresch, uma jovem pilota de 24 anos, natural de Grünwald, na Alemanha, que se destacou na categoria Fórmula 3 com a Alpine e ganhou reconhecimento internacional após sobreviver a um grave acidente no Grande Prêmio de Macau, em 2018. Na ocasião, sofreu uma fratura na coluna que exigiu uma cirurgia complexa de 11 horas após impacto a mais de 270 quilômetros por hora. Milagrosamente, a pilota não sofreu danos neurológicos e se recuperou totalmente.

foto da pilota Sophia Floersh, da Alpine

No final de novembro de 2024, enquanto aumentavam os rumores de uma possível contratação de Colapinto pela Alpine, Floresch respondeu a uma publicação de que a Red Bull tinha uma ligeira vantagem sobre a equipe francesa nas negociações para manter o argentino.

"Em 2021, o garoto bateu o carro no meu porque perdeu o controle atrás de mim na chuva. Agora, a Alpine quer pagar 20 milhões por ele, mas corta o apoio a jovens talentos para 1-2 milhões. Não é porque eu sou mulher, certo? É compreensível, mas não faz sentido", escreveu ela, no X.

Post de pilota da Alpine questiona acerto com Franco Colapinto — Foto: Reprodução

O incidente relembrado por Floresch ocorreu nas 24 Horas de Le Mans daquele ano, no circuito de Sarthe, na França. A corrida terminou mais cedo do que o esperado para o argentino de 18 anos, que competia com a G-Drive na classe LMP2, após o incidente envolvendo a alemã, na época representante da Richard Mille Racing Team. Após quatro horas de disputa, e tendo liderado em alguns trechos, Colapinto perdeu o controle do veículo e colidiu com Sophia Floresch — ambos abandonaram a corrida devido a danos na carroceria. O parceiro de Colapinto venceu.

Por meio de uma publicação em sua conta do Instagram, Colapinto refletiu sobre o ocorrido e lamentou não ter concluído a corrida: "Em relação ao acidente, fui surpreendido pelos carros da minha frente, que frearam muito forte no meio da reta, justamente quando eu estava começando a sair do vácuo do carro da frente, que estava sendo ultrapassado. Não havia chovido naquele momento, então não foi por isso que todos diminuíram a velocidade daquele jeito. Não havia nenhuma zona lenta ativa e ainda estávamos muito longe de onde essa zona lenta começava", rebateu ele.

Sophia Floresch ingressou na academia da Alpine em 2023, embora tenha continuado a competir na Fórmula 3 com a equipe PHM Racing by Charouz após seu acidente. Mesmo sem grandes resultados em termos de pontos, sua participação reafirmou seu compromisso com o automobilismo de alto nível e demonstrou sua capacidade de adaptação a diferentes categorias e estilos de pilotagem.

Além de competir, em suas redes sociais, ela se mostra uma ativista em defesa da igualdade de gênero no automobilismo, incentivando outras mulheres que buscam trilhar seu caminho em um campo tradicionalmente dominado por homens.